Vocês se lembram da minha surpresa de aniversário que a Marília preparou? Ela me acordou super cedo no dia do meu aniversário lá em Santiago e em um dos envelopes que abri, estava a dica de onde iríamos – várias letrinhas que juntas, formavam “Cordilheira dos Andes”.
Saímos correndo para encontrar um grupo e entramos em um micro-ônibus (e eu sem saber para onde íamos). No ônibus fomos obrigados a assistir um vídeo sobre segurança e sobrevivência em casos de emergência em minas de cobre e comecei a achar que eu ia morrer, mas logo depois da parte da segurança, começava um vídeo sobre a história de uma pequena cidade nas montanhas- então a Marília finalmente revelou que íamos para Sewell!
Sewell é uma pequena aldeia/cidade não habitada atualmente, mas que já chegou a ser habitada por 15,000 mineiros de cobre, nas encostas dos Andes. A cidade foi fundada por uma mineradora Americana em 1904, e chegou a ter o melhor hospital e a melhor escola do Chile na época. Uma cidade inteira, com lojas, a primeira piscina olímpica do chile, cinema, o primeiro boliche – todos ligados por uma rede de escadas que serviam como ruas, e situada entre 2000/2500 metros de altitute.
A cidade continuou como uma das cidades mais modernas no Chile até o ano de 1967, quando o Governo do Chile conseguiu comprar a maioria da mina e decidiu que seria mais lucrativo se os habitantes morassem na cidade de Rancagua e subissem os Andes de trem/ônibus para trabalhar na mina todos os dias. Poucos habitantes ficaram em Sewell. Em 1971 a mina foi estatizada e o resto dos moradores tiveram que ir embora, e em 1977, Sewell começou a ser demolida.
Nosso guia nos contou que cresceu em Sewell e que esse processo de demolição foi algo muito doloroso para todos que cresceram por lá e tinham laços com a cidade. No fim dos anos 80 os ex-moradores e trabalhadores se juntaram em associações e colheram assinaturas pedindo que o governo parasse de demolir a vila – e em 1998 o governo Chileno declarou Sewell um patrimônio histórico nacional. Em 2006 a UNESCO declarou que Sewell servia como um patrimônio da humanidade.
Ao comparar o que sobrou de Sewell com fotos antigas percebemos que a cidade foi quase totalmente destruída, e só cerca de 30% da cidade ainda existe. Mas andando pelas ruínas (que estão sendo restauradas) é impossível não imaginar como era aquele lugar no auge da cidade.
A cidade está quase destruída, mas a mina continua em atividade. Os poucos prédios que sobraram são usados como escritórios e alojamentos temporários no caso de nevascas ou acidentes. Não gostamos muito de passeios organizados, mas por estar em propriedade privada e se tratar de uma mina de cobre ainda em funcionamento, só se pode visitar Sewell com guias autorizados em tours que saem de Santiago e Rancagua. A altitude cansa um pouco no começo, mas por não ser tão alto, em pouco tempo você se acostuma e consegue curtir o passeio tranquilamente.
Na volta para Santiago ainda passamos por Coya, outra vila de mineiros. Essa já em terreno plano e verde, abrigava os executivos de Sewell e suas famílias, que achavam a vida nos Andes muito difícil. Essa pequena cidade continua habitada e parece algo de um filme de ficção científica onde tudo é perfeito (apesar de estar muito decadente, com várias casas abandonadas).
Foi um presente de 30 anos completamente inesperado e a Marília acertou na mosca. Um passeio cheio de paisagens fora do comum, muita coisa para fotografar, montanhas enormes e muita história é bem a minha idéia de diversão. Se alguém conseguir pegar uma promoção louca para Santiago como nós fizemos, recomendamos fazer o passeio.
Foi mais ou menos assim:
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Do you guys remember the surprise Marília made me for my 30th? She woke me up super early on my Birthday in Santiago and in one of the envelopes I opened, there was a clue to help me discover where we were going for my birthday. All the cut out letters together in an envelope spelled out “Andes”.
We hurried to get ready and to meet up with a group in a square in Santiago and got on a minibus without me knowing where we were headed. On the bus they made us watch a video about safety while inside copper mines and I thought I was going to die on my birthday, but soon after that part of the video was done, a video about the history of a small mining town high up on the Andes came on – and Marília finally told me we were going to Sewell!
Sewell is a small uninhabited mining town high up on the Andes, but that has once been inhabited by over fifteen thousand people. The city was founded by an American mining company in 1904 and at one time boasted the best hospital and best school in all of Chile. A whole town filled with shops, an olympic-sized swimming pool, a movie theater, the first bowling alley in Chile – all interconnected with by a network of stairs that functioned as streets – all of this between a height of 2000-2500 meters in the mountains
It stood as one of Chile’s most modern towns for many years until the government of Chile achieved a majority stake in the mine and decided to move most of the workers down to Roncagua and other villages. Later on when Chile nationalised all copper mines in the country, all remaining workers were moved from Sewell and it’s destruction and demolition began.
It wasn’t until the late 80s when Chile declared Sewell a national monument that the demolition stopped, then in 2006, UNESCO declared it a World Heritage Site and work began to rebuild some of the town and preserve what was already there.
Because it sits in private property, Sewell cannot be reached by private cars. It can only be visited by tour operators that head out from Santiago and Rancagua.
This was a completely unexpected birthday present and Marília hit this one right out of the park. A day filled with incredible sights, tons of places to photograph, massive mountains and an incredible amount of history involved – totally my idea of fun. If by any chance you’re ever in Chile, don’t miss out on this.
This is how it went down:
<3