Nem dá para acreditar que já estamos mais perto final do nosso “mês da Espanha” aqui no blog do que do começo. Esse mês está voando, estamos cheios de casamentos lindos para fotografar, e correndo loucamente para lá e para cá – mas já que prometemos, aqui está o nosso terceiro post mostrando um pouquinho de como foi nosso pouco tempo por lá. O primeiro post está aqui, e o segundo está aqui. Para quem ainda não viu o casamento que fomos fotografar por lá, ele também está aqui.
—
Vocês já viram as fotos do Casamento da Danielle e do James? Quem viu, percebeu que o lugar é realmente um dos lugares mais bonitos do mundo para se casar. Mas só pelas fotos do casamento não é possível entender o quanto essa pequena região da Espanha é incrível.
Nós conseguimos escapar de Barcelona por muito pouco tempo para passear por lá – e na verdade aproveitamos a maioria do tempo para ver com nossos próprios olhos ao invés da lente da câmera – mas é claro que pelo menos algumas fotos nós tiramos :)
Nós saímos de Barcelona sem ter certeza de o que nos esperava, mas como já falamos – não era tudo isso. Além das praias de cenários de filmes, vilas medievais, castelos em montanhas, fazendas centenárias, acabamos tendo que lidar com a idéia de estar aproveitando um pouco de tempo em um lugar que estava passando por um momento difícil. Quem leu/viu nosso post do casamento da Danielle e do James deve ter visto que mencionamos um problema com um incêndio florestal. O maior incêndio florestal na região em mais de 30 ou 40 anos. Nós percebemos o cheiro da fumaça logo depois de sair de Barcelona, mas não fomos ficar sabendo da magnitude da situação e entender o porque do céu VERMELHO até a hora do jantar no primeiro dia que estávamos por lá, quando caiam cinzas sem parar em nossos pratos e copos enquanto jantávamos em Begur.
Begur é uma vila medieval BEM charmosa. Com menos de 5 mil habitantes, ruínas de um castelo medieval no topo de uma montanha de onde é possível ver toda a cidade e o mar, e um centrinho cheio de restaurantes e bares que ficam abertos até tarde, com o pessoal passeando pelo centro até tarde – parecia um cenário de algum romance no mediterrâneo – foi uma das cidades mais charmosas que conhecemos por lá. Mas infelizmente a questão do incêndio não deu para ser esquecida durante nossa visita, já que percebíamos que o pessoal de lá estava bem apreensivo com o fogo que começava a chegar perto. Vimos pessoas assistindo TV nos bares, lendo jornais, e só se falava disso. Só no outro dia de manhã ao conversarmos com a Cerimonialista do casamento por telefone ainda do nosso quarto do hotel ficamos sabendo das mortes e do tamanho do incêndio. Mas só deu para entender na verdade o que esse incêndio significava no outro dia, já na cidade de Figueres.
Na manhã seguinte ao casamento nos despedimos do nosso quarto de hotel (uma antiga adega em uma antiga “Masia”, uma casa de fazenda catalã que havia sido transformada em hotel). Havíamos decidido que iríamos até o sul da França antes de irmos viajar. Isso antes de conhecer a região perto de Begur. E isso antes de ficarmos sabendo que o incêndio era tão grande, que a fronteira entre a França e a Espanha estava fechada pela estrada que estávamos. Decidimos então em encurtar nosso tempo por lá, e fomos até Figueres (cidade natal de Salvador Dali).
Nesse dia dirigimos por toda região, paramosem estradas vazias para curtir a vista, entramos em todos cafés charmosos que vimos, e não fizemos nada “turístico”. Na verdade, fomos até a porta do Museu/Teatro do Salvador Dali e não entramos! Nos assustamos com a fila, e queríamos aproveitar nossas férias, então decidimos ficar andando a pé por Figueres. E foi aí que aconteceu uma das coisas mais marcantes durante essa viagem. Enquanto estávamos em Figueres, escutávamos os carros de bombeiro e ambulâncias passando o tempo inteiro. Ainda com um cheiro de fumaça no ar, ficamos um pouco assustamos – agora por perceber a magnitude real do fogo. Vimos então uma loja que vendia porcelana pintada a mão, e resolvemos entrar para procurar um presente.
Enquanto estávamos lá dentro, havia uma única senhora trabalhando – que só nos cumprimentou quando entramos, mas depois não falou mais nada. Passamos um tempinho olhando todos os detalhes da loja. A Marília escolheu o que queria comprar, e fomos para o outro lado da pequena loja – onde vimos o caixa. Uma caixa registradora de metal, toda trabalhada, que parecia ser bem antiga. Comentamos um com o outro sobre a caixa, e a dona da loja, a única outra pessoa lá dentro percebeu que gostamos da registradora. E começou a conversar com nós dois, em espanhol – nos explicou que a caixa estava lá há mais de 100 anos. Que havia pertencido ao seu avô, depois aos pais, e agora estava lá com ela – na mesma loja. Enquanto conversávamos, passaram alguns carros de Bombeiro em sequência, junto com algumas ambulâncias. E ela parou de conversar. Parou de conversar e vimos seus olhos encher de lágrimas. Ficamos em silêncio por alguns segundos, e eu perguntei se ainda eram só os incêndios – e ela nos falou que sim. Contou um pouco sobre os incêndios, como haviam sido os últimos dias sem dormir e com medo, com notícias de mortes, e de pessoas perdendo as casas. E então ela mudou de assunto. E isso foi o que ficou marcado na memória.
—
We spent a few days wandering around near where we shot Danielle and James’ wedding. We saw some of the most beautiful places we have ever visited – but we couldn’t get our minds off the devastating brush fires that had taken a few lives and taken hundreds of people out of their houses in Spain during this summer. This is a bit of what we saw.