É difícil explicar o sentimento de fotografar outros fotógrafos.
Às vezes a fotografia de casamento é um negócio estranho e ficamos um pouco perdidos nesses momentos dessa responsabilidade de fotografar um colega de profissão, e isso tem acontecido cada vez mais. Nós amamos o cuidado com que todos os detalhes são pensados, e que a fotografia é sempre pensada em todas as etapas. Nós só sentimos uma pressão diferente. É uma pressão MUITO boa, mas o desgaste é grande e vivemos em uma eterna dúvida se o resultado final é tão bom quanto esses casais de fotógrafos esperavam. É muito surreal pensar com que frequência tem acontecido de o nosso trabalho ser uma das partes mais importantes do casamento pro casal, mas na hora da gente lançar esses momentos pro mundo, vem aquele medo.
Geralmente, em casamentos de não-fotógrafos, estamos lá pra registrar um momento, uma história de um casal e de suas famílias. Mas quando esse casal também é de fotógrafos – de casamento – parece que temos também que olhar para outras coisas que às vezes vem pra nós mais naturalmente em casamentos de não-fotógrafos. E assusta. É difícil criar uma confiança pra não passar o dia pensando se essa pessoa que estamos fotografando faria isso do mesmo jeito que nós. E assusta muito. Mas ao mesmo tempo, a liberdade de poder fazer quase o que quisermos e saber que os noivos provavelmente vão gostar do resultado exatamente porque fazemos o que fazemos do nosso próprio jeito é uma sensação incrivelmente libertadora.
Temos pensado muito na relação da fotografia de casamento entre os fotógrafos e os noivos aqui no Brasil em relação com outros lugares no mundo, e por mais que nós pessoalmente temos muita muita muita sorte mesmo, sabemos que em geral, o mercado ainda precisa chegar em outro patamar (ou a sociedade?) em que deixamos de ser, em grande parte, apenas fornecedores.
O Mateus nos buscou no aeroporto no Rio de Janeiro bem cedinho. Nós acordamos às 5 da manhã pra pegar esse vôo e quando chegamos lá com nossas super olheiras, encontramos um Mateus completamente extasiado. Um Mateus que desceu do carro pra nos buscar e quase teve o carro guinchado com todos os instrumentos da sua banda que tocaria no casamento. Saímos do aeroporto, buscamos a Rebecca em casa e pegamos mais um tempo de estrada até chegar em Teresópolis. Fotografamos um ensaio deles à tarde na véspera do casamento, e no outro dia bem bem cedo de manhã, entramos numa van juntos pro casamento. É muito estranho pensar que nós provavelmente passamos mais tempo com os dois do que as próprias famílias deles no final de semana do casamento. E pode parecer que não, mas faz diferença. Nos enxergamos como amigos, tomamos cafés da manhã juntos em São Paulo antes do casamento, conhecemos a mãe da Rebecca em São Paulo na semana antes do casamento, mandamos mensagens bobas por instagram por meses – então sabíamos que eles nos queriam lá no casamento no Nosso Celeiro, não apenas como fornecedores, mas como Frankie e Marília.
Rebecca e Mateus, muito obrigado por nos receberem como amigos. Esperamos que vocês gostem.