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[audio:fernanda e rodrigo 01.mp3]
Escrevemos esse post umas dez vezes. Na verdade, estamos escrevendo esse post desde que vimos esse casamento acontecer como um flash, apesar de esse ter sido um processo longo e com algumas reuniões interessantes. Como contar a história desse casamento sem contar a nossa história de como foi o processo fotográfico sem nem explicar o “medo” da responsabilidade?
Sim, sempre temos esse medo. O medo de errar o que fazemos quase todos os finais de semana, o medo de fazer algo que é parte de nós, cálculos de luz e sombra que fazemos intuitivamente, medo de não ver as linhas imaginárias que dividem tudo em terços e que vemos até de olhos fechados, sem querer e sem perceber. Talvez não seja um “medo” de verdade, mas uma ansiedade muito forte. Se algum fotógrafo de casamento falar que não fica nem um pouco ansioso antes de fotografar, gostaríamos de conhecê-lo e pedir dicas, ou nos arriscaríamos em falar que isso é uma grande mentira. A responsabilidade é enorme. São momentos que não podem ser repetidos (pelo menos não naturalmente), e temos que estar prontos para não errar durante horas seguidas, e por isso o cansaço que lembra uma batalha quando terminamos de fotografar. Esse medo está sempre aí, mas confesso que ficamos um pouco mais apreensivos do que o normal quando o casal que estamos fotografando é envolvido de alguma maneira com qualquer profissão visual ou arte, e não sei se se é por causa de algo na nossa fotografia, mas isso acontece com uma certa frequência.
Fomos encontrar a Fernanda e o Rodrigo sem os conhecer. Sem nunca ter trocado um email com os dois. Mais um desses casamentos onde alguém acredita que nosso trabalho tem algo que “casaria bem com o casamento” e nos apresenta ao casal. Tudo que nós sabíamos sobre a Fernanda e o Rodrigo é que eles iriam se casar e que a Fernanda trabalhava com moda e o Rodrigo era um arquiteto. Só me lembro de um casal entrando pela porta, a Fernanda com o jeitinho quieto dela e o Rodrigo com uma camisa que eu vestiria se não estivesse trabalhando.
Sentamos em uma sala e conversamos por um tempo. Eles nos perguntaram se seria um problema fotografar a cerimônia inteira de longe, já que eles preferiam que nenhum fotógrafo ficasse circulando no espaço que eles criariam para o casamento, para não “estragar” a vista do lugar, nós explicamos que geralmente fotografamos de perto e falamos que talvez eles perderiam algumas fotos de detalhes, eles falaram que não se importavam, então falamos que não seria um problema. E ali mesmo, na hora, eles falaram que nós seríamos os fotógrafos do casamento deles. Eles nos avisaram que seríamos os únicos fotógrafos “oficiais” e avisaram que precisariam de algumas fotos para divulgação após o casamento, mas não entendemos muito bem porque. Agradecemos e fomos embora.
Não sei muito bem quando caiu a ficha e esse sentimento de responsabilidade aumentou, mas logo depois disso fomos à um desfile da Fernanda na São Paulo Fashion Week. Depois de um tempo, sentamos com os dois para tomar café e vimos o projeto arquitetônico que o Rodrigo havia criado e toda a produção para o casamento.
A Fernanda no caso é a Fernanda Yamamoto, estilista. Desenhou o próprio vestido de noiva e costurou não sei quantas flores de tecido com as próprias mãos no vestido. Fez também o vestido das madrinhas. Fomos até o ateliê da Fernanda para fotografar um pouco do processo dela fazendo o próprio vestido de noiva. Nos apaixonamos pelo cachorrinho assistente que passa as tardes no ateliê. O Rodrigo é o Rodrigo Ohtake, arquiteto. Concebeu todo o espaço da Fazenda Lageado para o casamento. Definiu os lugares da cerimônia e da festa e escolheu todos os materiais e mobiliário das areas comuns para o casamento.
Eles queriam um final de semana com as famílias e amigos mais próximos, então se hospedaram em um hotel juntos e todos se arrumaram juntos no sábado antes do casamento. Todos acordaram juntos no domingo (depois de uma das festas mais alegres/doidas que já fotografamos até hoje) para um Brunch no Hotel. Um tio da Fernanda e um tio do Rodrigo foram responsáveis pela cerimônia, e eu DUVIDO que alguma pessoa que estava lá (incluindo nós dois) conseguiu assistir tudo sem chorar.
No final, fotografamos a cerimônia do jeito que sabemos fotografar – do nosso jeito. Fotografamos as famílias e o casal do jeito que sempre fotografamos. Cantamos juntos com eles as músicas na pista de dança. Rimos das máscaras e das brincadeiras, e vimos neles e nos amigos um pouco do que vemos em nossos próprios amigos e em nós mesmos. E eles dançaram, juntos, durante a noite inteira, ou pelo menos até quando aguentamos ficar acordados, em um frio de 9 graus.
Fomos embora para casa, leves.
Fernanda e Rodrigo, obrigado – por tudo. Esperamos que essa felicidade que vemos em vocês quando estão juntos continue assim sempre.
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We rewrote this post at least ten times. We’ve actually been writing this post in our heads ever since this happened, like a flash before our eyes, even though this was a fairly long process. How could we tell the story behind this wedding without telling our own story of shooting it, and the “fear” or anxiety that came with this responsibility?
Yeah, we’re always a little “scared” before we shoot a wedding. It’s a fear of not doing what we do almost every weekend the way it should be done, a fear of doing something that is so innate to us, these intuitive and automatic light metering and tinkering with buttons. A fear of not seeing those imaginary lines that divide everything we look at into thirds and sections and not seeing what we see with our eyes closed and sometime without noticing. It might not really be a “fear”, but just a strong anxiety, and if a wedding photographer tells you he/she doesn’t get at all anxious before a wedding, we’d love to get some tips from them. Either that or they’re lying. The responsibility is just too great. They’re moments that can’t be repeated and we need to be ready for everything at all times. That fear is always there, but If I told you we didn’t get a little more anxious about working with couples that are in any way involved with creative/visual professions, I’d be lying.
We met up with Fernanda and Rodrigo without getting a chance to talk to them at all, all we knew about them was that she was in some way involved with fashion and he was an architect. All I really remember is a couple walking in through the door, Fernanda with her own little shy way as she walked in quietly, Rodrigo wearing a shirt I probably would have worn myself had I not been thinking I needed to dress up a little.
We sat in a room and talked for a bit, they asked us if shooting their ceremony from far away would be an issue, since they thought it best not to have any photographers walking around the space they created especially for this ceremony, ruining the beautiful view of the lake behind them and the altar. We told them that it wasn’t really how we usually worked, and they might not have some shots, but they were totally ok with that – so we agreed that this wouldn’t be an issue. And right then and there they told us we’d be shooting their wedding. They mentioned that we’d be the only photographers allowed and there would be no one from the press there, but they would need some photos for some press releases. We didn’t really get it then, so we thanked them and left.
I don’t really know when it really hit us and this feeling of extreme responsibility/anxiety sank in, but soon after this first meeting we went to one of Fernanda’s show at the São Paulo Fashion week, and then sat down with them for coffee so we could discuss the wedding and saw what Rodrigo was coming up with architecturally for the wedding.
Fernanda just happens to be Fernanda Yamamoto, Brazilian fashion designer. She came up with her own gown and all the gowns for all the ladies in the wedding party. We went to Fernanda’s studio to shoot her working on her gown. Fell in love with her beautiful dog. Rodrigo is Rodrigo Ohtake, Brazilian architect, with a love for curving lines. He came up with the whole architectural design of “Fazenda Lageado”, where they got married. He was responsible for creating specific places for the ceremony and the reception, as well as designing and picking out materials and furniture used in all common areas accessible to guests at the wedding.
They wanted to have a whole weekend with their most intimate friends and family, so they all stayed in a hotel close to Fazenda Lageado and got ready for the wedding together on Saturday morning before the ceremony. They all had brunch on Sunday (after one of the wildest parties we’ve seen at a wedding). Both Fernanda and Rodrigo had an uncle be responsible for marrying them, and I’m pretty sure it’s hard to find someone that didn’t shed a tear that day (including yours truly).
In the end, all we really had to do was shoot this wedding way we know how to shoot. We sang along with them to awesome songs on the dance floor, laughed at their awesome masks and saw in them a little of what we see in ourselves and our own friends. Then they danced the night away, together, or at least until can remember being exhausted and not being able to deal with the exhaustion anymore. So it was time for us to go. We went home with the most incredible sense of accomplishment.
This is how it went down:
Fotografia:Frankie e Marília
Vestido:Fernanda Yamamoto
Sapato:Ciao Mao
Buquê:Nino Cais
Vestidos das madrinhas:Fernanda Yamamoto
Alianças:Fabi Malavazi
Cabelo e Maquiagem noiva e madrinhas: Marcos Costa e equipe
Terno do noivo:Topman
Ternos dos Padrinhos:Topman e João Pimenta
Cerimonial:Paris Assessoria
Espaço da Festa e Cerimônia:Fazenda Lageado
Hospedagem convidados:Hotel Dona Carolina
Buffet:Neka
Projeto de Decoração: Rodrigo Ohtake e Adriana Vianna Rocha
Flores:Valderson
Tablado e cobertura:Gersal
Projeto de Iluminação:DB2
Convites: Ana Heloisa Santiago
DJs:Fernando Figueiredo e Roots Rock Revolution
Video:Giovanna Borgh
Doces/Chocolates:Chocolat du Jour
Lembrancinhas:Chocolat du Jour
Bem casados:Conceição
Máscaras:Cadô