Escreve, apaga. Escreve – apaga. Cogitamos postar sem escrever nada e só postar as fotos, mas seria injusto. Tão injusto quanto essas palavras jogadas aqui de última hora. Já escrevi um esboço e reescrevi tudo duas vezes. Já fiz um esqueleto pra falar de tudo que precisávamos/queríamos falar aqui – mas não dá pra escrever tudo que queríamos sem entregar demais da privacidade dos dois. Já pensei em adicionar mais fotos, já tirei fotos do post. O casamento da Dani e do Zeca em Curitiba foi um casamento super pequeno. Foi um dos mais íntimos e mais especiais que já fotografamos, mas foi especial também para nós por outro motivo.
Ter demorado tudo isso pra postar o casamento da Dani e do Zeca foi um erro nosso. Vai sempre ser uma daquelas coisas que não dá pra fazer diferente nem voltar atrás e que sempre vai ficar pesando lá no fundo da cabeça. Só quem fotografa casamentos sozinho, ou com uma pessoa só ao lado, sabe o quanto de trabalho um fotógrafo de casamento tem. Só quem tem um blog e gosta de postar esses mega textos sabe o trabalho que dá escrever um post no blog. São as fotos, o texto, o instagram, as stories, o facebook, os comentários no blog, os comentários no post no instagram, as mensagens, os emails. Nós temos também os contratos, as fotos pra tratar, o equipamento pra cuidar, as viagens, as reuniões, as fotos pra tirar… então quando chega a “temporada” de casamentos, nós sumimos da internet. Não é uma escolha racional nossa, mas preferimos investir nosso tempo nos nossos clientes do que na nossa divulgação (que talvez seja um problema). E aí, quando sobra um tempinho de postar um casamento aqui no blog, já se passou muito muito mais tempo do que deveria de um casamento que tinha que ter aparecido aqui antes. E às vezes não dá muito pra voltar atrás dos nossos erros.
Já queria apagar tudo e começar de novo, porque sempre que eu percebo, na minha cabeça esse texto parece estar fugindo um pouco da Dani e do Zeca e estar virando sobre nós. Cada casal é um casal, cada casamento é um casamento – mas tem uns que marcam a gente de um jeito que a gente não esquece. Nós temos muita sorte de fotografar os casais que fotografamos, mas com certeza foram pouquíssimas as vezes que fomos tão bem recebidos por um casal como pela Dani e pelo Zeca. Seria difícil falar do casamento deles sem falar da nossa experiência nesses dias lá em Curitiba. E seria difícil falar dessa nossa experiência em Curitiba e do casamento da Dani e do Zeca sem falar que o casamento deles foi pra nós também uma despedida de um amigo que já não está mais aqui.
A Dani nos mandou um email em 2015 falando que ela e o Zeca iam se casar em 2017. A primeira frase do email era “Primeiro de tudo, AMAMOS VOCÊS”. No email ela já contava que eles estavam começando a fotografar uns casamentos – e que queria que estivéssemos no casamento deles. Nossa resposta foi, resumidamente, “Ainda não abrimos nossa agenda de 2017, infelizmente – mas manda um email pra gente no começo de 2016”. E no finalzinho finalzinho de 2015 eles escreveram de novo falando “Vamos pra SP no começo do ano, vamos tomar café”. Nós tomamos um café, e eles desapareceram. Eu achava que eles tinham nos odiado. O tempo passou. Em maio 2016 eles mandaram um email falando “marcamos a data, vamos fechar”.
Ao longo desse ano fomos trocando emails, viramos amigos de facebook, viramos amigos de instagram – e aos poucos fomos nos conhecendo. E descobrindo que tínhamos algumas muitas coisas em comum. Mesmas bandas, mesmas cabeças – mesmo amor por pães e pizzas. Mesmos problemas de profissão. E logo logo chegou 2017 – e o casamento da Dani e do Zeca.
Uns dias antes do casamento fizemos uma última reunião por Skype pra alinhar todos os detalhes com os dois e já parecia que íamos para Curitiba para ir no casamento de amigos e não para trabalhar. Foi aí que eles nos contaram que um amigo muito talentoso de Arapongas, irmão de um super amigo e ex-cliente nosso, estaria junto com as decoradoras do casamento ajudando com a decoração. Íamos ver amigos. Apaga, escreve. Apaga, escreve.
O Zeca nos buscou no hotel no dia do casamento. Usando uma camiseta de uma das minhas bandas favoritas. Death Cab for Cutie tocando no rádio. Nunca vou esquecer, é uma das nossas bandas favoritas. Chegamos na casa onde ia ser o casamento e abraçamos a Dani. Nos apresentaram pra todos os amigos que já estavam com eles na casa. Apresentaram para as famílias. Falamos de fotografia. Fomos lá fora pra ver como estava a decoração – e vimos nosso amigo, Johann.
E começou o casamento da Dani e do Zeca. Acho que seria injusto só falar do casamento só pela nossa perspectiva, então pedimos pra eles escreverem um pouquinho sobre o casamento – mas antes de qualquer coisa – ficamos com ciscos nos olhos no first look dos dois, sentamos na mesa com os convidados pra jantar (pães de fermentação natural no casamento <3), ganhamos uma carona VIP pra voltar pro hotel no fim da noite, fizemos novos amigos, nos emocionamos na cerimônia e nos emocionamos com a decoração.
Começamos a fotografar e a pensar em casar tudo ao mesmo tempo, e acho que uma coisa levou a outra e a outra a uma ahahaha. Estar em contato com casamentos nos fez perceber o que queríamos e o que não queríamos pro nosso dia.
Sempre tivemos a ideia de um mini-wedding, primeiro porque achamos que vale mais a pena do que um casamentão onde os noivos mal se veem por ter coisas demais pra fazer. Além disso, somos quietos e de famílias pequenas, então não teria nada a ver conosco fazer uma festa de arromba.
Durante o processo do casamento nos “arrependemos” várias vezes de estar investindo tanto em uma festa. Foram horas, dias, semanas malucas, tentando organizar tudo (porque eu sou assim e quero tudo perfeito). Às vezes quisemos cancelar: pela grana, pelo “saco cheio”, pq brigamos e o frio na barriga da decisão fez a gente pensar nisso (e tá tudo bem). Mas hoje eu penso que foi o dinheiro que mais bem gastamos na nossa vida e não teríamos feito nada diferente. Teve momentos em que me senti em um filme e o Zeca diz o mesmo. Queríamos mesmo era ver a nossa galera reunida e aproveitar todo mundo que vemos tão pouco. Nosso casamento acabou sendo um encontro para alguns, reencontro para tantos outros e meio que uma “despedida” magna pré-viagem/momento único na nossa vida.
Falamos daqueles dias pelo menos uma vez por semana, sempre com saudades e um tom melancólico de sabermos que eles não vão se repetir nunca mais. É curioso esse sentimento de alegria tão imensa. A gente lê sobre, vê nos filmes, mas não imagina como deve ser se sentir tão feliz e pleno. Às vezes passamos por situações em que deveríamos sentir essa alegria imensa, mas acabamos nem percebendo, sei lá. No nosso casamento foi diferente, estávamos completamente aware da felicidade nos preenchendo. É uma sensação muito doida, especialmente por saber que aquilo tudo foi único e nunca mais vai se repetir, não daquela forma, nas nossas vidas. Ao mesmo tempo que a gente queira que se repita, o valor de ter vivido aqueles momentos é único para nós e vai ficar guardado para sempre na ˜caixinha˜ mais bonita do nosso coração. Obrigada por vocês terem registrado isso tudo. Vocês deram forma às lembranças mais lindas que temos juntos.
Muita gente pergunta sobre “o número de horas” no nosso contrato, nossa resposta é que não somos tão apegados com essa questão, que queremos contar a história dos casais que fotografamos. Nos empolgamos tanto com o casamento dos dois que fomos ficando e ficando até tarde, e quando vimos, estávamos indo embora com o Marco Polo (que fez o vídeo do casamento) e a Luciana (assessora). Sim, ficamos no casamento da Dani e do Zeca até a mesma hora que a assessora. Nem sempre esse é o caso, mas quando somos recebidos como amigos, tratados como convidados e não como apenas fornecedores que estão ali pra fazer um trabalho – nosso inconsciente trata a fotografia do casamento também como algo além do nosso trabalho, mas como algo que realmente amamos fazer. E isso faz toda a diferença.
Dani e Zeca, vocês foram além de “clientes” perfeitos, duas pessoas que nos lembraram mais uma vez porque fazemos o que fazemos. Nem sempre dá pra gente sentar pra jantar com os convidados (entendemos), nem sempre dá para os noivos nos buscarem no hotel. Aliás, tem vezes que até água é difícil da gente conseguir tomar num casamento – mas vocês nos receberam como amigos. Fez toda a diferença nas nossas vidas. Muito muito obrigado. Além do casamento de vocês ter sido tão especial por ter sido o casamento de vocês, por terem nos dado a oportunidade de trabalhar com tanta gente tão querida e talentosa, vocês nos deram também a oportunidade de dar um último abraço nesse nosso amigo que foi embora tão cedo. Teria sido triste ter estado com ele essa última vez em algum outro casamento que não tivesse sido tão gostoso quanto o de vocês.
Obrigado, obrigado, obrigado.
<3
Vestido: Artha por Mariana Basseti
Buquê, Projeto de Decoração e Flores: As Floristas + Armazém BF
Alianças (noivado e casamento): Liê
Cabelo e Maquiagem: Tapa na Peruca
Terno do Zeca: Vila Romana
Assessoria/Cerimonial: Luciana Lima Cerimonial
Vídeo: Marco Polo Filmes
Espaço da Cerimônia/Festa: Recanto Graça e Paz
Buffet e Pães de Mel de lembrança: Flammk
Doces e Bolo: BeeBread Pães e Doces Artesanais
Pães de fermentação Natural: Magrela Laboratório de Pães